Somos Todos Um

* Mhanoel Mendes

Recentemente falei sobre um importante tema em um dos programas radiofônicos das rádios de Criciúma (SC). Na oportunidade, falávamos sobre indulto de natal concedido aos reeducandos e alguns membros da mesa criticaram esta postura do Governo Federal e outros defenderam, o que deu uma boa discussão. E olha que discussão não é briga, é colocar o debate em ação. Só isso! Entre pessoas maduras, crescemos na discussão. Afinal de contas, sempre está em voga o pensamento de Voltaire: “Não concordo com nenhuma palavra que me dizes, mas vou defender até a morte o direito de você dizê-la”.

Mas isso não vem ao caso, agora. O que eu queria trazer mesmo é que um ouvinte enviou e-mail criticando a minha posição de defender o indulto. Lembro que alguns até se referiram como “insulto de natal”.

Voltemos ao ouvinte.

De acordo com ele, eu estava defendendo esta prática porque não tinha sido vítima de um apenado em regime de saída temporária. Na visão dele, quando um familiar meu fosse atingido por um presidiário, eu teria uma posição diferente. Minha resposta foi espontânea e, sendo assim, sincera. A espontaneidade é uma ligação direta com o coração.

Disse ao ouvinte que, pra mim, não importa se o atingido seja um trabalhador ou empresário, um religioso ou agnóstico, mulher ou homem, estadunidense ou africano, palestino ou judeu, rico ou pobre. Não importa mesmo! Não importa se seja um familiar ou alguém que eu não conheça. Pra mim, cada vez que um ser humano é agredido, seja física, moral ou psicologicamente, não é somente ele que sofre agressão. Somo todos “nós” como humanidade, queiramos ou não.

Amar o filho da gente é cômodo. Na verdade, é até “obrigação”. Mas amar quem não conhecemos é o único caminho para que todos deste planeta juntos e unidos, numa só nação, num só coração, possamos caminhar o verdadeiro trilho da plenitude. Geralmente os países ricos estão ladeados por nações também ricas e o inverso também é verdadeiro.

Nós estamos influenciando a realidade o tempo todo, seja ela densa ou sutil. Se uma borboleta bate asas no oriente, pode provocar um tornado na América. Tudo está entrelaçado, somos todos um nesta grande rede de relacionamentos, por isso, não adianta somente eu tentar resolver o “meu” problema porque não se resolve quase nada na essência.

Pra mim, nos dias de hoje, o “eu” existe na medida de meus gostos individuais, minhas características pessoais. Mas o “eu” puro e simples não existe mais, ele está dando espaço, se diluindo, para o “eu universal”. Tudo é uno, é uni, é verso neste uni-verso. Então, como eu posso diferenciar um familiar de uma outra pessoa, este familiar é mais pessoa que outra? Amor é incondicional e universal. Como eu amo mais alguém em detrimento de outro alguém? Pra mim, por ora, o parente hipoteticamente atingido por um aprisionado em indulto de natal é tão vítima quanto o reeducando em liberdade.

Dentro desta perspectiva, o “eu” não existe mais, o que vive em mim é o “nós” e se assim for, o valor está no ser vivo, não no sobrenome ou no grau de ligação que temos. Afinal de contas, somos todos um.

* Psicólogo, escritor
www.oikos.org.br

Filipe Colombo

Sobre Filipe Colombo

Formado em Administração com ênfase em Marketing, É conselheiro profissional formado pelo IBGC e possui MBA em administração de empresas cursado nos EUA, China e nos Emirados Árabes. Acumula mais de 20 anos de experiência em gestão de empresas e é autor do best seller “Gestão Profissional na Prática”. Neste livro, são compartilhados ensinamentos, visões e conselhos que são frutos de sua experiência acadêmica e profissional.
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