Sai da Gente e Volta pra Gente

Lixo* Mhanoel Mendes

Já não dá mais pra esconder. O que antes era patrimônio de alguns estudiosos, cientistas e curiosos, hoje já é conhecido por boa parte dos seres humanos que habitam este planeta: este modo de vida que estamos vivendo está ficando cada vez mais insuportável e necessitamos, como humanidade, revê-lo urgentemente. Se não fizermos isso, corremos o sério risco de não termos mais  condições de viver aqui na terra.

De passagem, vai uma pergunta: será que é por isso que algumas nações querem explorar outros planetas?

Bem, voltemos ao parágrafo inicial, onde citei textualmente “modo de vida”. Aqui, refiro-me ao consumismo, a falta de ética, a fragmentação e ao lucro pelo lucro.

Quando falo consumismo, quero lembrar que a palavra é a união de “sumir” + “com”. Sim, sumir com as árvores, os rios, as pessoas e o planeta. Por quê? A resposta talvez seja simples: de onde vem toda a matéria-prima para fabricação, construção e movimentação da economia? Obviamente vem da mãe terra, que está agonizando. Estudos divulgados recentemente por WWF, dos Estados Unidos, avisam que se a humanidade não questionar seu ímpeto de compra e de consumismo, em breve seriam necessários dois planetas Terra para a demanda. Talvez esteja aqui a resposta àquela minha pergunta do segundo parágrafo.

Em relação a falta de ética, fragmentação e ao lucro pelo lucro, tudo são pontos que poderíamos aqui discorrer tratados e mais tratados, mas se o paradigma não for transformado, não teremos como ir adiante. Mais: não teremos como continuar com nossa aventura, como humanidade, neste planeta. Até porque as árvores, rios e planeta, vivem sem o homem, já o homem não vive sem eles.

Vou me ater a um exemplo que está sendo emblemático. Pra mim, está na cara, mas a maioria das pessoas não quer enxergar. Se não vejamos: um dos roteiros mais desejados pelo turismo brasileiro e latino-americano, no Brasil, é o estado de Santa Catarina, especificamente a capital.

Mas Florianópolis também está sendo denunciada pela sua balneabilidade, ou seja, a quantidade de coliformes fecais despejados nos arroios, rios e até o mar. Como se não bastasse isso, algumas direções de hotéis, empresas e até ligações residenciais despejam seus dejetos fecais direto no esgoto pluvial, cujo nome já diz, água da chuva. Por isso tem aquele cheiro de  “boca de lobo”.

Não consigo entender como o homem tão inteligente consegue dar um tiro no pé. Nos atemos agora ao hotel, mas isso se aplica às empresas e às residências também. Ao invés de fazer todo o tratamento correto, ético, dos efluentes, não. Os despeja nos rios, lagos, arroios e até no esgoto de água pluvial. Resultado? O mar, objetivo maior do seu negócio no verão, fica poluído e o seu negócio inviabilizado. É matar a galinha dos ovos de ouro.

Nesta de querer levar vantagem, os metidos a malandro acabam se prejudicando e prejudicando os demais e, por consequência, o planeta. Até quando o homem vai insistir em não aprender uma das leis da natureza que tudo que sai da gente volta pra gente?

 * Jornalista, escritor, psicólogo, peregrino – www.oikos.org.br

Filipe Colombo

Sobre Filipe Colombo

Formado em Administração com ênfase em Marketing, É conselheiro profissional formado pelo IBGC e possui MBA em administração de empresas cursado nos EUA, China e nos Emirados Árabes. Acumula mais de 20 anos de experiência em gestão de empresas e é autor do best seller “Gestão Profissional na Prática”. Neste livro, são compartilhados ensinamentos, visões e conselhos que são frutos de sua experiência acadêmica e profissional.
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3 respostas para Sai da Gente e Volta pra Gente

  1. Daniele disse:

    Ótimo texto, ótima reflexão! Ultimamente penso muito nisso. Esse assunto é sério. Só uma pequena parcela da população está atenta ou pensa da mesma forma. Como fazer para acordá-los?!

  2. Tereza disse:

    Lixo é um assunto muito sério, deveria ser tratado com toda seriedade que merece.
    Descartar parece que significa o mesmo que fazer desaparecer(!?) Puro engano, não desaparece coisa nenhuma, não existe fora, está tudo aqui e aqui fica neste planeta em que vivemos.
    O negócio é torcer para que possamos encontrar saídas para o problema do lixo antes que seja tarde demais.

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