Como sabemos, os gregos encaravam o tempo de duas formas: o rei Cronos e o rei Cairós. Aquele, Cronos, se referia ao que denominamos, hoje, de tempo de relógio, e este, Cairós, ao tempo que é das coisas, como exemplo um fruto amadurece exatamente no seu tempo. “Há tempo pra tudo”, nos ensina o Livro Sagrado.
Dentro do tempo Cronos, de cronômetro mesmo, passei recentemente por uma experiência que quero compartilhar com você que me honra com sua leitura agora. Mais: quero refletir junto e, se quiseres, saber a tua opinião também.
Imagine a situação. Tinha saído às 7:55h da fisioterapia e procurava no comércio do centro da minha cidade um fone de ouvido para o meu aparelho celular. Corria os olhos nas lojas que já estavam no meu caminho, para ganhar tempo para tomar o ônibus de volta pra casa.
Eram 7:58h quando visualizo um fone compatível com o meu aparelho, até por ser da mesma marca. Tiro o aparelho celular do bolso e me certifico ser o fone correto e era. Percebo, dentro da loja, um movimento. De repente surgem dois jovens atendentes de roupas alinhadas e crachá no pescoço. Não faziam nada a não ser conversar e rir.
Percebendo que me viram, levantei o dedo indicador e depois fiz gestos tentando deixar claro que queria conversar. O jovem, sem olhar para sua colega, aponta seu relógio, e depois mostra dois dedos. Como se dissesse, faltam dois minutos para abrir a loja. E volta a conversar, agora de costas pra mim.
Fiquei ali, num misto de revolta e impotência. Percebendo que tinha cliente e que eles não estavam fazendo nada, o que custaria pelo menos me ouvir? De repente, se confirmasse que eu realmente estava correto e que o fone era compatível, talvez até aguardasse pelos dois minutos.
Respirei fundo e achei um desaforo. Andei mais uns poucos passos e vi outra loja na mesma situação. Como a porta estava fechada, mas não chaveada, a forcei e entrei ao que fui atendido prontamente. “Ainda não abrimos, mas estou a sua disposição, senhor”, disse-me a jovem de cabelos presos.
Resultado: quando saí da loja com fone no ouvido, percebi que só depois disso é que as portas da loja ao lado tinham sido recém abertas.
Há tempo e horário pra tudo. Mas também penso que há tempo e horário para o bom senso.
* Escritor e psicólogo. www.oikos.org.br
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Aquele que cultiva a “presteza” dentro de si, do coração, não guia seus atos pelo relógio, pelo horário, e sim pelo momento de necessidade do seu próximo.
Salve Renato.
Paz!
Muito legal o seu comentário.
Mhanoel
Este segundo vendedor, não é o funcionário que está aí apenas para ganhar o seu merecido salário mensal, este cidadão fez e fará a diferença. Precisamos de pessoas que olhem seu semelhante com respeito em todos os setores da vida. Gostaria que o primeiro vendedor refletisse um pouco, imagine se o fato ocorresse em hospital e o médico lhe dissesse “Falta um minuto para iniciar minhas atividades profissionais” e por causa deste um minuto perdesse seu ente querido.
Concordo contigo, Gislene.
Estamos juntos também nessa jornada
Mhanoel
Ainda vou entender o sentido dessa Empresa… não vou pintar minha casa, enquanto não tiver uma loja dessa marca que realmente me marcou… moro em Ubá MG. não conhecia a Anjo tintas. e terei o maior prazer de ser cliente e propagador. Mas por enquanto fico por aqui como um admirador. rsrsrs…
Caro Mhanoel, é realmente revoltante a forma com que somos atendidos em todos os setores nesse país, nesse mundo.
A individualidade e a falta de respeito e bom senso estão se esvaindo.
Fico me perguntando como será a prestação de servições daqui 5, 10 anos. Tudo via internet, talvez? Sem contato pessoal? As pessoas ficam imaginando as mudanças tão longínquas e eu acredito que está tudo próximo, agora, mais do que imaginamos.
Mais lamentável do que a frase: “A maioria das pessoas utiliza o acostamento quando está em um engarrafamento, porque eu também não posso?” Carecemos de bons exemplos.
Grata pelo texto, pela leitura.
Grande abraço, uma excelente semana, repleta de bom senso!!!
Salve Ana Gabriela.
Teus questionamentos são os meus.
Estamos juntos também nessa jornada.
Mhanoel