* Mhanoel Mendes
Estamos às vésperas do dito “Dia da Criança”: 12 de outubro. Criança, como sabemos, vem de um “verbo”, criar. Criança, criar, se movimentar, fazer, correr. Parece que já não é mais assim. Pelo menos em boa parte das culturas.
Esta semana fiquei boquiaberto com a propaganda que assisti na televisão. Divulgava produtos para, é claro, o dia das crianças. Mas minha surpresa não foi pela propaganda direcionada aos baixinhos, óbvio.
Fiquei estarrecido quando, chamado atenção pela minha filha Gabriela, de 11 anos, vi, ali na minha frente, um locutor animado querendo dizer para os pais comprarem e para os filhos pedirem para seus pais. Comprarem telefone celular dual chip e Tablet.
Fiquei alguns minutos em transe até que voltei a mim e fiz uma breve discussão com a Gabi que, é óbvio, não tem nem um nem outro. Ela, assim como os demais membros da casa, sabe que em nossa família a palavra quando se trata de compra é “precisa?”, não a “quero”.
Então, como usamos lá em casa, eu pergunto ao atendo e aberto leitor: uma criança precisa mesmo de um telefone celular? Mais do que isso: com dois chips? Eu, que sou adulto, de vez em quando penso que, pra mim, realmente não é necessário este aparelho, imagina para uma criança.
Tenho clareza que para muitas pessoas o aparelho de telefone celular é fundamental. Realmente foi uma grande invenção da humanidade que está ajudando muitas famílias, salvando vidas, contribuindo para uma vida melhor. Viva! Mas uma criança realmente precisa de um celular?
Sei que há países no mundo que isso é proibido. A Itália e a Bélgica, são dois exemplos. Naquele país, a Itália, inclusive, a Sociedade Italiana de Pediatria Preventiva e Social (SIPPS) defende que o uso de telefones celulares deve ser proibido para crianças menores de 10 anos por causar danos à saúde. Se causa até os 10 anos, será que isso para por aí?
Sei que tudo se transforma e cada vez mais em velocidade exponencial. Mas algumas dessas ditas transformações não consigo achar normal. O comercial de TV anunciando “Tablet” e “aparelho celular” como sugestões de presentes no dia das crianças é uma delas.
Criança é pra brincar de correr descalço, de futebol, de casinha, de bilboquê, de bicicleta, e “orinho”, de bolinha de gude, de amarelinha, de nadar, de subir no pé de árvore… ou não?
* Agricultor, jornalista, psicólogo, jardineiro, escritor e peregrino – www.oikos.org.br
Acumula mais de 20 anos de experiência em gestão de empresas e é autor do best seller “Gestão Profissional na Prática”. Neste livro, são compartilhados ensinamentos, visões e conselhos que são frutos de sua experiência acadêmica e profissional.
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