Já não é de hoje que ouço falar que estamos aqui nesta existência de passagem, que nossas vidas têm uma conta de banco e que nossos atos podem retirar ou depositar ganhos. Enfim, já ouvi e vi tantas frases quantas possibilidades de filosofia de vida se pode ter. Mas, neste último fim de semana, ouvi uma que me deixou pensando: “Que tal vivermos como turistas?”.
O autor dela é o facilitador de Temazcal, Aleto Silva. Ele é um dos grandes amigos que fiz por ocasião do curso de Formação Holística de Base da Universidade Internacional da Paz (Unipaz). Repito o que o amigo Aleto disse: “Que tal vivermos como turistas?”.
Uma frase sem contexto, fica-se só no texto. E o texto sem contexto, pode não ter muito significado. Vamos ao contexto: Aleto falava sobre o viver no presente, sobre o estar atento, enfim, sobre o aqui e agora. Estávamos em um bonito grupo na partilha do Temazcal realizado neste último fim de semana. Em tempo, pra quem está curioso, Temazcal, o sauna indígena, é um ritual xamânico de renascimento e purificação.
Na oportunidade da frase expressada, falávamos sobre nossas experiências, que são únicas, e que, na grande maioria das vezes, tendemos a padroniza-las. Esse padrão mental pode ocorrer com pessoas, lugares, coisas. Enfim, se não tivermos a sabedoria de percebermos o caráter inédito de cada momento, de cada instante em nossas existências, corremos o sério risco de não vivermos o desafio e a descoberta do presente, mas sim a morte, a mesmice do passado.
Discutíamos sobre o tema quando o Aleto soltou essa: “Que tal vivermos como turistas?”. O turista caminha com seu olhar atento, com sua mente aberta, com sua sensibilidade aflorada; tudo para não perder nada. E quando existe esse risco, faz uso da máquina fotográfica, da filmadora. O turista é um ser alegre, leve, descontraído. Praticamente, nada passa incólume a sua presença.
Como o turista é assim nas suas viagens e incursões, por que não sermos assim também em nosso cotidiano? Olhar nossos familiares, nossa casa, nosso trabalho, enfim, olharmos as coisas como se fosse a primeira vez.
Viver neste plano como turista, eis um bom desafio, afinal de contas, não estamos aqui só de passagem?
* Psicólogo e escritor – www.oikos.org.br
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