Na semana passada tive uma experiência incrível que, agora, quero compartilhar com você. Ainda estou muito mexido com o acontecimento e, com a energia dele, escrevo este artigo.
E antes de passar ao ocorrido propriamente dito, trago uma frase do mestre Miguel Ângelo, ou Michelangelo, pintor, escultor, poeta e arquiteto italiano, considerado um dos maiores criadores da história da arte do ocidente, que tem tudo a ver com o que quero compartilhar agora. Disse ele ao ser indagado como esculpia uma escultura: “Simplesmente retiro do bloco de mármore tudo que não é necessário”.
E foi justamente algo muito similar que me ocorreu no Oikos, espaço terapêutico e ecossustentável onde moro em Criciúma (SC), quando decidi fazer algumas modificações no campo de grama que acolheria um labirinto em forma de coração, carinhosamente batizado de “Larbirinto” pelo amigo e poeta João Marino. Depois de feito os primeiros traços, comecei a aumentar os corredores de dentro para fora. Nossa, está ficando magnífico, só com marcações de estacas de bambu, imagina com flores.
Mas faltava algo. Refleti e concluí que faltavam lugares para as pessoas descansarem. Precisava de bancos.
Olhei para os lados e vi um barranco de barro tirado para afundar o açude que descansava ali tinha 12 anos, desde quando começamos a “cuidar” do espaço. Tinha em torno de um metro de altura. Olhei fixamente para o barrando, parei alguns instantes para ligar com a minha necessidade e “Eureca!” Sim, assim como Michelangelo, eu posso retirar o barro que está sobrando e criar os bancos que vão ser bem úteis para o conforto das pessoas que usarem o espaço.
Assim fiz junto com o nosso diarista, senhor Alceu. Primeiro fizemos um banco com encosto reto, o que ficou um pouco desconfortável. No segundo banco, do mesmo tamanho do primeiro, já fizemos o encontro com uma pequena inclinação, ficando mais ergonômico. No terceiro, mantivemos o padrão dos dois anteriores e fizemos mais dois bancos menores, um em cada lado, e uma mesa com o pé da própria argila que estava “sobrando”.
Impactado, sento na minha obra, olho de longe, a admiro e vibro quando vejo pessoas curtindo o local. Não tem como não pensar: o que mais está aqui dentro de mim só aguardando eu acabar com os excessos, esperando o retirar o que não é necessário?
* Escritor e psicólogo – www.oikos.org.br





































