Querido leitor, que você esteja bem. Hoje vamos refletir sobre paciência teórica. Uma vez li um pensamento que realmente não recordo a sua autoria, que dizia: “Aprender, aprender, aprender… sempre!” Confesso que achei simples e profundo e nunca mais esqueci. Tanto é que relato ao querido leitor e à querida leitora neste dia.
Mas para aprender geralmente é necessária uma gama muito grande de variáveis como estar bem alimentado, ter bons professores e boa escola, ter interesse, vontade, enfim, para aprender é preciso ter paciência.
Algumas pessoas, inclusive, falam que a paciência é a virtude dos sábios. E, como sabemos, nesta sociedade de neon, paciência é o que quase ninguém mais tem. Lembro-me que no livro “Compostela – Muito além do Caminho de Santiago”, escrevi um artigo intitulado “Apressaram o mundo”, onde as atividades humanas que deveriam ser feitas com prazer estão virando um frenético repetir, repetir, repetir… sempre!
Lenine, na música “Paciência”, canta: “O mundo vai girando cada vez mais veloz, a gente espera do mundo e o mundo espera de nós, um pouco mais de paciência…” Parece que neste vai e vem frenético não temos mais tempo para nada e, como consequência, não temos mais paciência. Que, às vezes, brinco em dizer que se trata de paz, da palavra “paz”, acrescida de ciência, portanto, paciência pode ser paz-ciência, ou seja, a ciência da paz.
A impaciência é um fenômeno, parece, que só é vivido pelos seres humanos. Se não vejamos: as abelhas continuam pacientemente fazendo o mel, o João de Barro a construir seu ninho, o peixe a desovar. Apesar da interferência do homem no meio ambiente, ainda temos as quatro estações, uma mais quente (verão) e outra mais fria (inverno), e entre elas, pacientemente, duas estações que fazem a ponte entre o calor e o frio, que é o outono, e entre o frio e o calor, que é a primavera.
Apesar do exemplo natural, estamos tão absortos que muitas vezes sequer percebemos estes exemplos. Queremos tudo para ontem e já tem alguém que acredita no milagre e quer para antes de ontem. Há tempo para tudo, para preparar a terra, semear, crescer e há tempo para colher. Mas, como sabemos, o apressado como cru. Geralmente é assim.
Admiramos as pessoas destacadas, que falam bem, que são poliglotas, que debatem muitos assuntos com conhecimento e domínio. Admiramos estas pessoas e queremos ser como elas, mas, em alguns casos, não nos preparamos para isso. Não temos a paciência teórica para isso.
Um curso universitário, por exemplo, pode ser feito em quatro, cinco, talvez até mais anos. Muitos fazem. Com a paciência teórica, saem seres humanos melhores que entraram e isso já valeu a experiência. Mas há aqueles que, sem paciência, querem burlar o processo do aprendizado e buscam fórmulas milagrosas em cursos e palestras de duas e três horas. Querem conselhos que estão na moda para ter mais e mais. Assim, temas como liderança, relacionamento, gestão de pessoas, enfim, questões envolvendo as organizações devem ser encaradas com paciência e responsabilidade, tendo claro que não existem formas milagrosas. Existe, sim, além de outros, trabalho e paciência.
Finaliza Lenine a sua música e eu este artigo: “Mesmo quando o mundo pede um pouco mais de calma, até quando o corpo pede um pouco mais de alma, eu sei, a vida não para, a vida não para”…
É assim como o mundo me parece hoje. E você, como encara a paciência teórica?
* Empresário, Especialista em Filosofia Clínica, Presidente do Conselho da Anjo Tintas.
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