Há anos conheci uma personalidade no campo da cura muito interessante; era conhecido como “Velhinho Milagreiro”. Não sei confirmar qual seu verdadeiro nome, se Pedro, Paulo, José ou João. De repente, talvez, nem ele se lembrava mais do seu nome de batismo. Era o Velhinho ou o Velhinho Milagreiro.
Tinha feições que misturava índio, bugre e homem nativo da serra, os serranos. Cabelos brancos penteados para trás com duas entradas na testa, olhos grande e pretos, pele escura e que brilhava como se ele passasse óleo. Sua fala era mansa e caminhava lentamente com o corpo curvado pra frente. Nos últimos tempos que o vi, usava uma bengala na mão esquerda.
O Velhinho Milagreiro tinha algo especial dos outros homens, pois, desde jovem, diz que recebeu uma missão de curar pessoas. Começou pela sua família, seus amigos, conhecidos e sua fama se alastrou de forma inimaginável, alcançando regiões longínquas. Para se consultar com o Velhinho, vinham pessoas de outros Estados, países e até continentes.
Duas coisas marcavam a vida daquele senhor: as curas que se avolumavam e o fato dele não cobrar nada. “Cada um dá o que tem e o que pode”, dizia ele, manifestando, do seu jeito, que aceitava doações espontâneas.
O Velho Milagreiro atendia segunda, quarta e sexta e no último sábado de cada mês. Começava a receber as pessoas antes do sol nascer e parava só depois dele se por. Voluntários distribuíam senhas para quem chegasse até às 11 horas, mas, geralmente, o Velhinho quebrava o protocolo e atendia pessoas desenganadas pelos médicos e até aquelas que vinham de longe.
O processo terapêutico praticado pelo Velhinho era a escuta, mas não escuta do paciente que quase nunca falava nada, mas a escuta corporal e a sua escuta ao olhar para o doente que estava a sua frente. Dificilmente errava. O Velhinho sempre dava conselhos e receitava uma combinação de ervas naturais facilmente encontradas.
Mas o grande sucesso do Velhinho Curandeiro era de um pó que repassava aos doentes dentro de um vidro pequeno. Com este pó curador o Velhinho Milagreiro chegou ao auge da fama. Cada vez mais pessoas desenganadas por doenças como o câncer vinham até eles e muitas se curavam.
Essa cura chamou a atenção de cientistas e laboratórios. Aqueles constatavam, incrédulos, a doença antes da consulta e da ingestão do tal pozinho, e a cura após semanas. Estes, os laboratórios, que se uniram em consórcio para tentar explicar o que não conseguiam entender. Queriam provar que seus pós eram mais milagreiros que o do Velhinho.
Depois de muitos estudos, provas e contraprovas, os laboratórios chegaram a conclusão de que não havia nada a mais no pozinho branco do que amido, folhas secas moídas de diversos chás e produtos não identificados. E que esta combinação não poderia, de forma alguma, levar as pessoas a cura. Mais: disseram que o Velhinho Milagreiro e seu pó curador nada mais eram do que Velhinho Charlatão com seu placebo.
A imprensa que até então desconhecia o velhinho, o apontou como “charlatão” e deu um jeito de rapidamente acabar com a sua reputação. Depois disso, a casa simples do velhinho foi fechada. Ninguém mais ouviu falar dele e do seu trabalho.
De tudo isso, ficou uma frase escrita com letras de garrancho em um papel afixado na entrada da casa que mal dava para ler: “A diferença daquele que crê e do cientista é que aquele chega primeiro”.
* Psicólogo e escritor
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