* Mhanoel Mendes
Assim como você, eu também tenho algumas lembranças que foram decisivas na formação do meu caráter, do meu jeito de ser e de encarar os desafios da existência. Tenho muitos exemplos, todos importantes. Inequívoco dizer que esses exemplos me trouxeram até aqui e me cunharam esta pessoa que sou hoje: santo e pecador, com luz e com sombra.
Neste rol de exemplos, tem dois que jamais esqueci e que quero relatar neste artigo especial para o blog da Anjo. Falo de quando fui padre da quadrilha nos festejos juninos na quinta série no Colégio Estadual Joaquim Ramos, e da oportunidade em que fui orador dos formandos de 1981 da SATC, ambos em Criciúma, Santa Catarina.
Trago esses exemplos à tona para destacar a importância de que alguns fatos tem em nossas vidas. Parece que nossa existência vai criando portais e, se entrarmos nesses e passarmos, sairemos melhores ali na frente. Foi assim que ocorreu comigo e, deduzo, também ocorreu isso com você. Ou não?
Vamos ao primeiro caso. Eu estava na quinta série do ensino fundamental do Colégio Estadual Joaquim Ramos. Lembro que a professora de Educação Física Carmem foi nas salas buscar voluntários para participar da quadrilha que seria apresentada na festa junina da escola. Assumi o papel do padre.
No início foi aquela alegria. Mas quando passou o mês de maio e entramos o mês da festa, começou a dar um aperto ao perceber realmente que iria me expor ao público. Com medo, tentei falar com a professora para não participar do evento, inventando desculpas esfarrapadas. Ao que fui prontamente combatido. Na hora, fiquei contrariado e sentido, mas, tempos depois, meu sentimento era de gratidão por ela me ajudar a enfrentar meus medos e a assumir meus compromissos.
O segundo exemplo ocorreu nos meus 15 anos de idade com a formatura dos técnicos da Escola Técnica da SATC, foi em 1981. Depois de um pequeno concurso entre os formandos, fui escolhido como orador do grupo. Até aí, tudo bem. Mas qual não foi a minha surpresa quando soube que teria que escrever o texto, além de lê-lo na frente de todos os presentes ao evento.
Fiquei em polvorosa. Soube que no centro de Criciúma tinha um advogado que era considerado um dos maiores e melhores oradores do Estado. Fui falar com ele. Pedi pra escrever o texto pra mim ao que recebi, é claro, e ainda bem, um sonoro não . Veio-me novamente o mesmo medo que havia aparecido na quadrilha. Pensei em desistir, em adoecer, mas optei em mais uma vez enfrentar aquela dificuldade.
Estes gestos solitários e pontuais me fizeram assim desse jeito. Não nego que sempre com medo quando tenho que dar aula, fazer uma palestra, dar entrevista, mas nem por isso procuro desculpas, pelo contrário, enfrento-os. Tudo isso, graças a mim, é claro, mas também a professora Carmem e ao advogado que sequer lembro o seu nome.
* Psicólogo e escritor
www.oikos.org.br
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Parceiro Daniel Thomazi, que alegria “rir” contigo com este artigo. A gente ri para disfarçar o temor, o medo de enfrentar nossas mazelas internas, não é mesmo? Mas, como sabemos, é tudo coisa da nossa cabeça. Ao enfrentar, percebemos o quão ínfimo e pequena era aquela “coisa” e o quanto saímos fortalecidos.
Tamos juntos, amigo.
Mhanoel Mendes
Caro amigo Mhanoel,
Lendo teu artigo comecei a rir sozinho, você acaba de descrever minhas emoções quando posto em situações semelhantes! e como é difícil enfrentar esses temores né! Mas, como bem colocado no artigo, cada vez que entramos por essa porta, cujo o porteiro é o medo, talvez o pavor, quando saimos do outro lado saimos com um sentimento de valente, relaxado e animado para o proximo desafio! Que sejamos sempre valentes em enfrentar nossos desafios que nos acrescentarão melhorias como seres humanos que somos.
Grande Abraço!
Daniel Tomazi