Imaginação

DSC01468* Beto Colombo

Querido leitor, que você esteja bem. Nosso tema de hoje é imaginação. O filósofo Blaise Pascal em sua obra mais conhecida, “Pensamentos”, discutia a imaginação, com poucos fundamentos, apenas preocupado em anotar pensamentos sobre o tema. E olha que sua especialidade era matemática. Na visão de Pascal, a imaginação é a força mais poderosa nos seres humanos e também uma de nossas principais fontes de equívoco.

Para o matemático, a imaginação pode ultrapassar nossa razão, pois é ela que nos leva a confiar nas pessoas, apesar do que nos diz a razão. Um exemplo: médicos e advogados vestem-se com distinção, tendemos a confiar neles. Ao contrário, dedicamos menos atenção a quem parece desmazelado, mesmo que suas palavras sejam sensatas e seus exemplos coerentes. Lembrando que isso era assim para Pascal. Ele continua: Embora a imaginação leve a falsidade, por vezes também conduz a verdade, pois se fosse apenas falsa, então poderíamos usá-la como fonte de certeza ao aceitar sua negação.

Blaise Pascal escreve que a imaginação dispõe de tudo. Ela produz beleza, justiça e felicidade, mas como a imaginação, em geral, leva ao equívoco, então a beleza, a justiça e a felicidade que ela produz normalmente são falsas.

Um de seus objetivos era mostrar aos Libertins que a vida de prazer que haviam escolhido não era o que eles imaginavam. Embora acreditassem que tinham eleito o caminho pela razão, eles teriam sido, de fato, iludidos pelo poder da imaginação.

Para os Libertins retornarem à igreja, Pascal criou um argumento conhecido como aposta de Pascal. Aqui ele admitia que não era possível dar bons fundamentos racionais para a crença religiosa, mas tentou oferecer bons fundamentos racionais para se querer ter tais crenças. Consistia em comparar os possíveis ganhos e perdas ao se fazer uma aposta na existência de Deus.

O filósofo argumentou ainda que, ao apostar se Deus não existe, há a possibilidade de perder muito – a felicidade infinita no céu – ou ganhar pouco – um sentido finito de independência nesse mundo. Já a aposta de que Deus existe traz o risco de perder pouco ou a chance de ganhar muito. Assim, seria mais racional, sob esse aspecto, acreditar em Deus.

Ao longo da história, alguns pensadores escreveram sobre a imaginação. Aristóteles, por exemplo, disse que a alma nunca pensa sem uma imagem mental. Já René Descartes afirmou que o filósofo deve treinar sua imaginação para a aquisição do conhecimento. David Hume argumenta que nada que imaginamos é absolutamente impossível. Imanuel Kant defende que sintetizamos as mensagens incoerentes dos nossos sentidos em imagens e depois em conceito usando a imaginação. Dentre todos, a frase de Einstein talvez seja uma das mais simples e profundas: “A imaginação é mais importante que a inteligência”.

É assim como o mundo me parece hoje. E você, o que pensa sobre imaginação?

* Empresário, Especialista em Filosofia Clínica, Presidente do Conselho da Anjo Tintas.

Filipe Colombo

Sobre Filipe Colombo

Formado em Administração com ênfase em Marketing, É conselheiro profissional formado pelo IBGC e possui MBA em administração de empresas cursado nos EUA, China e nos Emirados Árabes. Acumula mais de 20 anos de experiência em gestão de empresas e é autor do best seller “Gestão Profissional na Prática”. Neste livro, são compartilhados ensinamentos, visões e conselhos que são frutos de sua experiência acadêmica e profissional.
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