Assim como eu, você também já deve ter ouvido um par de vezes a seguinte frase: “Falta muito?” Pode ser para a chegada do natal, do aniversário; pode ser de uma viagem de meia hora ou até de muitas horas. “Falta muito?”
Confesso que não lembro de um adulto fazer este questionamento, a não ser quando brincam; mais crianças, jovens e adolescentes. Não sei se por vergonha ou por maturidade, mas geralmente, quem faz este tipo de pergunta são os teens.
Tenho filhos que já passaram por esta fase e outras filhas que ainda estão nesta idade e, quando a gente menos espera, lá vem: “Falta muito pra chegar?” Hoje já não me irrito mais com essa frase. Acolho e até sorrio, me divirto mesmo, mas confesso que em um passado não muito distante, ela me tirava do sério.
Poderia me apegar a frase infantil de alguém que não tem paciência de ficar poucos minutos dentro de um ônibus ou carro, que dirá muitas horas. Mas não farei isso. Vou me ater a metáfora que é a nossa existência, ou seja, de “entrarmos” neste plano. De sermos acolhidos, embalados, alimentados ainda na anomia.
Com o tempo, vem a heteronomia e a gente continua a “viagem” cantando, assistindo televisão, se exercitando, estudando, enfim, experimentando de tudo um pouco. Em um determinado momento acessamos a autonomia e, a partir daqui, tomamos as rédeas da nossa existência e passamos a escolher nossos caminhos. De um jeito ou de outro, mais cedo ou mais trade, boa parte de nós conclui que a felicidade não é um lugar, mas o caminho. Relaxamos e passamos a vivenciar cada passo, cada momento, cada instante.
Lembro-me quando tinha cinco anos e a família se mudou para Telêmaco Borba, interior do Paraná, onde meu pai foi se aposentar trabalhando nas minas de carvão. A mudança foi em cima de um caminhão e bem no centro da carroceria um colchão de casal abrigava toda a família. Foram quase dois intermináveis dias – praticamente 48 horas – entre Santa Catarina e o Paraná, via BR-101; boa parte dela, ainda de estrada de chão.
Esta experiência ainda na tenra idade me trouxe uma nostálgica lembrança quando há semanas peguei o avião em Criciúma com destino a Campinas; previsão de voo até São Paulo era de pouco mais de duas horas (sic!). Bem próximo a mim, Matilde, uma jovem senhora, e, na fileira ao lado, Pedro e Paulo, seus dois filhos gêmeos. Afivelados os cintos, decolagem perfeita. Voo de cruzeiro. Tudo tranquilo, quando um dos meninos, o que estava na poltrona do corredor, bate educadamente no braço da mãe e pergunta:
– Falta muito?
* Psicólogo e escritor – www.oikos.org.br
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Grande Mano-eu
Chic…
Lembrei do Filipe e o Rodrigo no banco de traz do automóvel enchendo nosso saco: “falta muiiiiiitooooooo”. Outro momento chato era quando, além dessa pergunta, eles resolviam praticar luta livre no banco de traz. Curioso que nessas horas a frase mudava para “o mããããã…” Crianças! Me parece que só muda o endereço rsrsrs.
Estamos juntos
Beto Colombo