* Mhanoel Mendes
Recebi recentemente um e-mail que, a despeito da sua veracidade ou não, vale a pena mencionarmos. Era mais uma dessas mensagens que recebemos diariamente e que poderia passar em branco se não fosse o tema: educação com enfoque nos alunos-turistas.
De acordo com o texto, um professor de física gaúcho que se apresenta por Maurício Girardi, conta um caso que ocorreu com ele e uma aluna no segundo ano do ensino médio. Era 21 de junho do ano passado, quando uma dessas “alunas-turistas” que aparecem vez por outra na sala de aula para “fazer uma social” e para rever os conhecidos.
Como o que menos interessava ali era o conteúdo, o professor adianta que, por três vezes, teve que pedir licença para a “mocinha” para poder trabalhar. “Parece que estão fazendo um favor em nos permitir um espaço de fala”, desabafa. Eis que após insistentes pedidos, estando o professor no meio de uma explicação que necessitava de bastante atenção de todos, toca o celular da aluna, interrompendo todo um processo de desenvolvimento de uma ideia e prejudicando o andamento da aula.
Experiente, pois já se tornou comum este tipo de aluno nas salas de aula, o mestre escreve no e-mail que mudou o tom do pedido e aconselhou aquela menina que, se seu objetivo não era o de estudar, então que procurasse outro local. Disse mais: que fizesse um curso à distância ou coisa do gênero, pois ali naquela sala estavam pessoas que queriam aprender e que o colégio é um local aonde se vai para estudar. Então, a “estudante” quis argumentar, quando falou que não discutiria mais com ela.
Neste momento, tocou o sinal e ocorreu a troca de turma. A menina resolveu ir embora e desceu as escadas chorando por ter sido “repreendida” na frente de colegas. De casa, sua mãe ligou para a escola e falou com o vice-diretor da noite, relatando que tinha “conhecidos influentes” em Porto Alegre e que “aquilo não iria ficar assim”. Em nenhum momento a mãe procurou escutar a versão do educador nem mesmo para dizer, se fosse o caso, que sua postura teria sido errada. Tampouco procurou a diretoria da Escola.
O leitor deve estar pensando: Qual passo seguinte dado pela mãe? Acredite se quiser, mas deu BO, ou seja, boletim de ocorrência na Polícia Civil!… Isso mesmo!… O professor de física conta que teve que comparecer no dia 13 de julho na 8.ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre para prestar esclarecimentos por ter constrangido (“?”) uma adolescente (17 anos), que muito pouco frequenta as aulas e quando o faz é para importunar, atrapalhar seus colegas e professores.
“A que ponto que chegamos?”, desabafou o professor de 39 anos de idade e expõe que resolveu ser professor porque sempre gostou de ensinar, de ver alguém se apropriar do conhecimento e crescer. Mas, confessa, “está cada vez mais difícil”.
Sempre que o tema é educação, logo pensamos em sucateamento, em greve de professores, em baixos salários, enfim, somos remetidos a questões da direção e do corpo docente. Neste artigo, quero trazer a questão do corpo discente. Que mundo deixaremos para nossos filhos? É uma pergunta importante, principalmente quando o tema é educação. Mas que filhos deixaremos para o mundo, talvez seja a questão fundamental.
* Mhanoel Mendes: pai, buscador, escritor, cuidador do Oikos www.oikos.org.br
- Quantos Litros de Tinta para Pintar um Carro? Como Calcular? - 24 de março de 2025
- Como Saber Quanto de Tinta Comprar para Pintar uma Parede? - 17 de março de 2025
- São Precisas Quantas Latas de Tinta para Pintar 3 Cômodos? - 10 de março de 2025
Sei bem o que é isso, leciono em São Paulo onde a situação é a mesma! É uma pena.