Queridos leitores, aceitem o meu fraternal e caloroso abraço. Hoje quero refletir com vocês sobre a devastação. No formal, no oficial, indo direto beber na fonte do dicionário, devastação é a exploração predatória dos recursos naturais como árvores, argila e minérios, e isso pode ser feito de diferentes formas, como queimadas, desmatamentos ou secamentos de lagoas, entre outras formas.
A devastação, como o próprio nome sugere, é algo muito prejudicial ao meio ambiente e, consequentemente, aos animais. A todos os animais. Como se sabe, quando se faz uma queimada, os animais da área onde aconteceu o mesmo são obrigados a deixar o seu habitat natural e, às vezes, o outro lugar aonde vão não tem os recursos naturais de que eles necessitam, fora os outros que não conseguem fugir e acabam morrendo.
Recentemente pude vivenciar in loco essa devastação e olha que não foi na Europa, nos Estados Unidos ou na Amazônia. Foi aqui em nosso Estado, mais especificamente em nossa região. Estava chegando de uma viagem profissional ao Sudeste do Brasil e os controladores de voo do aeroporto de Criciúma nos comunicaram que havia outro pouso em nossa frente e teríamos que aguarda a nossa vez. Foi o tempo suficiente para um voo panorâmico mais atento em toda a nossa região. O bastante para perceber dolorosamente o que a exploração sem controle do carvão provocou aos rios, à agricultura, às cidades e às pessoas. Nossas florestas, nosso solo, nossa água, nossa vida, enfim, uma boa parte foi devastada. Não me contive, chorei. Chorei por mim, por meus familiares, por meus amigos e até desconhecidos, chorei pelo planeta.
Voando em círculo e vendo toda aquela situação, lembrei-me do que disse Rubem Alves. “Isso que vou contar aconteceu numa cidadezinha no interior do estado de Goiás. A cidade ficava num vale que terminava numa serra no meio de uma verdadeira floresta de mangueiras, jabuticabeiras, laranjeiras e árvores nativas, seculares”…
Prosseguia ele: “As árvores eram tantas que o viajante, no alto da serra, quase não percebia a cidade no vale. Foi então que um prefeito moderno e dinâmico fez uma campanha entre os moradores para que cortassem as árvores dos seus quintais para que a cidade fosse vista pelos viajantes. E argumentava: todo mundo sabe que árvore é sinal de atraso…”
Lembrou de alguma coisa parecida acontecida por aqui? É assim como o mundo me parece hoje. E você, o que pensa sobre nossas devastações?
* Empresário, Especialista em Filosofia Clínica, Presidente do Conselho da Anjo Tintas.
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