Eu gosto muito de metáforas. Elas, as metáforas, nos tiram da normose do cotidiano e nos forçam a entrar numa forma de ver as coisas diferente. Falando nisso, você já ouviu falar na metáfora do sapo fervido? De acordo com ela, se você retirar um sapo de uma lagoa com uma panela, trazendo junto um pouco da água na qual ele vive, e colocar em cima de um fogareiro, ele será fervido sem perceber que a água aqueceu a ponto de matá-lo.
No início, parecia o mesmo habitat. Depois, a água começou a ficar quentinha, provocando um clima de conforto e relaxamento. No final, o sapo sem perceber, morreu envolto naquilo que lhe parecia só coisa boa.
Voltemos à mesma situação, só que agora, ao invés de deixá-lo desde o início da experiência, só jogue o sapo dentro da panela quando a água estiver bem quente. Desta vez, o sapo vai reagir e saltará para fora da panela.
O que a metáfora do sapo fervido pode trazer de ensinamento para cada um de nós? Muitas vezes, nas empresas, isso também acontece. Executivos estão sendo fervidos junto com o clima da organização e não estão se apercebendo disso.
Diretores de grandes organizações e principalmente proprietários de micro, pequenas e médias empresas estão cozinhando junto com suas empresas, tendo certeza de que estão fazendo a coisa certa. E não estão, pois se tivessem não seriam cozidos sumariamente. Estão traçando o seu norte na rosa dos ventos, só que podem estar equivocados, pois o norte das empresas mudou muitas vezes e, principalmente, nos últimos dez anos.
Isso pode acontecer quando nos conformamos numa situação mínima de conforto, ou melhor, numa situação mínima de sobrevivência, e a desculpa para não crescerem é sempre dos outros, é do governo, é do concorrente, é da situação vivida pelo país e assim por diante.
Não há uma regra ou dica para perceber que está sendo fervido vivo. Talvez uma boa forma para enxergar a situação da empresa é olhá-la pelo melhor ângulo, ou seja, estando fora dela. Talvez outra forma seja saber como está o clima interno. É importante contratar uma pesquisa de clima organizacional para ter um diagnóstico preciso de onde agir primeiro. Participar de seminários, feiras, congressos, voltar para o banco da escola, renovar seu diploma com uma especialização, são todos meios de enxergar a empresa de modo diferente. Conhecer o sistema de gestão de outras empresas, fazendo um benchmarking, e por aí vai.
Agora, para enxergá-la pelo lado de fora é preciso realmente sair, distanciar-se da operação e pensá-la estrategicamente, definindo a estrada e não cuidando apenas da qualidade de sua pavimentação. Pensar dá trabalho, mas quebrar uma empresa e recomeçar outra ou sentir-se desnorteado é muito, muito mais trabalhoso.
É assim como o mundo me parece hoje. E você, o que pensa sobre sapo fervido?
* Empresário, Especialista em Filosofia Clínica, Presidente do Conselho da Anjo Tintas.
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