* Beto Colombo
Querido leitor, que você esteja em paz. Hoje vou retornar a um tema oportuno e necessário para estes tempos de eleição. A mensagem conta a história de Vitor, um estudante de Direito. O personagem em comum lembra que em uma determinada manhã de início de semestre, quando o novo professor de “Introdução ao Direito” entrou na sala, a primeira coisa que o mestre fez foi perguntar o nome a um aluno que estava sentado na primeira fila: – Como te chamas? – Juan, senhor. – Saia de minha aula e não quero que voltes nunca mais! – gritou o desagradável professor.
Juan estava desconcertado. O que fazer? Será que ele está brincando? Quando voltou a si, levantou-se rapidamente, recolheu suas coisas ainda trêmulo e saiu da sala. Vitor coloca que todos estavam assustados e indignados, porém, ninguém, nenhum dos mais de 50 colegas do curso de direito falou nada. – Agora sim podemos começar nossa aula, exclamou o professor escondido atrás de um terno preto, camisa branca e gravata vermelha com flores discretas azuis. O mestre então perguntou: para que servem as leis?
Vitor relata que todos seguiam assustados, porém, pouco a pouco começavam a responder a sua pergunta “para que servem as leis”: – Para que haja uma ordem em nossa sociedade, falou um. – Não! – respondia o professor. – Para cumpri-las, disse outro. Ao que o professor respondeu: – Não! – Para que as pessoas erradas paguem por seus atos, apontou mais um. – Não!!!, esbravejou o professor. Que continuou: – Será que ninguém nesta sala de acadêmicos de direito sabe responder a esta pergunta? Para que servem as leis? – Para que haja justiça, falou timidamente uma garota. – Até que enfim, alegrou-se o professor. Que continuou: É isso, para que haja justiça. E emendou outra pergunta: E agora, para que serve a justiça?
Vitor olha para o lado e vê que todos começaram a ficar incomodados pela atitude tão grosseira do professor. Porém, seguiam respondendo “para que serve a justiça”: – Para salvaguardar os direitos humanos. – Para diferenciar o certo do errado; para premiar a quem faz o bem, respondeu outro estudante mais corajoso. – Ok, não está mal, falou o professor. Porém, respondam a esta pergunta: agi corretamente ao expulsar Juan da sala de aula?
Vitor relata que todos ficaram calados, ninguém respondia. Ao que o professor insistia: – Quero uma resposta decidida e unânime! Foi quando o grupo, em uníssono, respondeu: Não!! – Poderia dizer-se que cometi uma injustiça?, perguntou novamente o mestre, ao que todos novamente responderam: – Sim!!! Foi aí que o professor olhou nos olhos de cada um e fez a pergunta correta: – E por que ninguém fez nada a respeito? Para que queremos leis e regras se não dispomos da vontade necessária para praticá-las?
Enquanto o grupo de acadêmicos de direito pensava, o professor ainda falava: – Cada um de vocês tem a obrigação de reclamar quando presenciar uma injustiça. Todos. Por favor, não voltem a ficar calados, nunca mais!
Ato contínuo, o professor se vira a Vitor e pede: – Podes buscar o Juan? Naquele dia, concluiu Vitor, recebi a lição mais prática no meu curso de Direito: quando não defendemos nossos direitos perdemos a dignidade e a dignidade não se negocia.
É assim uma das formas de ver e de agir perante nossos direitos. E você, como faz para se defender?
* Empresário, Especialista em Filosofia Clínica, Diretor Presidente da Anjo
www.betocolombo.com.br
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