Todos nós vamos morrer. Você, eu, nossos filhos, parentes e amigos. Haverá um dia, não se sabe quando, que já não estaremos mais neste plano. Alguns mais jovens em idade, outros nem tanto, mas todos indistintamente de credo, conta bancária, nacionalidade ou cor, todos nós passaremos.
E foi justamente focada neste tema que a enfermeira australiana, Bronnie Ware, debruçou-se em uma importante pesquisa envolvendo pacientes terminais, exatamente nos últimos três meses de vida. Toda esta experiência resultou em um livro cujo título, em inglês, é The Top Five Regrets of the Dying. Em português, talvez pudesse ser traduzido como Os cinco Arrependimentos Daqueles que Estão Para Morrer.
O primeiro arrependimento, não em ordem de importância: “Gostaria de ter tido a coragem de viver uma vida fiel a mim mesmo, e não a vida que os outros esperavam de mim”. Muitos de nós, desde cedo, acabamos vivendo um papel escrito a partir das expectativas que os outros têm da gente e sequer temos a coragem de decepcionar alguém. Talvez no dizer do Confúcio: “Vá onde está o seu coração”, o seu arrepio.
O segundo arrependimento é bem claro quando os entrevistados dizem que “gostaria de não ter trabalhado tanto”. O trabalho é a nossa interação com o mundo, com as pessoas. Trabalhar é digno. Mas parece que muitos de nós perdemos a noção do razoável e passamos a viver para trabalhar, não trabalhar para viver. O que, muitas vezes, geramos para nos dar o conforto, nos faz escravos. Se diminuir um pouco o ritmo, tudo vai acontecer da mesma forma e você ainda muito mais leve.
O terceiro arrependimento é bem simples: “Queria ter tido a coragem de expressar meus sentimentos”. Expressar-se, posicionar-se, dar limites ao outro. Eis uma ação tão fácil de falar e tão difícil de ocorrer. Vivemos uma geração em que muitos querem passar uma imagem de alegre, de feliz. Mas, como sabemos, ninguém é uma linha reta. Confundimos alegria versus tristeza com a felicidade.
No penúltimo arrependimento, o foco é a relação. Diz: “Gostaria de ter mantido contato com meus amigos”. Quando falamos do “eu”, sabemos que praticamente ela não existe quando se trata de humanidade, existe sim o “nós”. Com amizade, com carinho e respeito, tudo é muito mais leve e alegre. Ali, à beira da passagem, parece que vem a hora da verdade e todos sentimos a falta de amigos; e isso vale pra quem vai e para os parentes que ficam que vão ser consolados, justamente pelos amigos.
No quinto e último arrependimento, uma ideia que perpassa todas as outras: “Gostaria de ter sido mais feliz”. Sua Santidade o Dalai Lama expõe que os mais de 7 bilhões de pessoas têm algo em comum, ou seja, todos querem ser felizes. Então por que no leito de morte assume que queriam ser mais felizes? Será que o nosso padrão, nosso estilo de vida e verdades não estão baseados em uma ilusão?
De qualquer forma, se eu estou escrevendo e você lendo este artigo é porque estamos neste plano tridimensional, estamos respirando. Estamos vivos. E, se por acaso, estamos tendo uma prática incoerente da que acreditamos nos deixar em estado de felicidade verdadeira, ainda há tempo. Podemos, a partir de agora, nos transformamos e irmos em direção da verdadeira felicidade. Só assim não teríamos nenhum arrependimento quando fôssemos perguntado antes de partir.
* Jornalista, agricultor, psicólogo, jardineiro, escritor e peregrino – www.oikos.org.br
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Um tema muito bom e que nos faz pensar especificamente sobre a felicidade. Não está em pauta o antes e o depois. Esse plano ou outro plano. Não há necessidade falar deste ou daquele plano, pois estamos aqui e aqui é o que importa. Quem se ocupa em saber para onde vamos, se há uma divindade, se há outros planos ou mesmo vida pós-mortem, já estabelece um viver em prol, justificar-se, barganhar. Vivamos aqui e sejamos “bons” por estarmos aqui. Erros? Somente quando deformamos o outro conforme nossa imagem e semelhança.