Há algum tempo tenho ouvido muitas pessoas conceituarem outras de loucas. Simplesmente é um pouco diferente, lá vem a pecha: “É louco”. De chofre me vem à mente o filme “As Bruxas de Salem”.
Em se tratando de louco, um dos melhores comentários que li foi do mestre indiano Osho. De acordo com ele, louco é aquele que nunca vem para a realidade, que sempre divaga em seu próprio mundo de palavras – e o louco foi tão longe em sua divagação que você não pode trazê-lo de volta. “Ele não está com a realidade, mas você está com a realidade? “, pergunta.
De acordo com Osho, você também não está – você vive sonhando, desejando, vive se distraindo com seus pensamentos… Você nunca está habitando o momento presente. “Estou errado?”, novamente questiona ele. Que vai além: “Se não estou errado, então podemos dizer que a diferença é apenas de grau”. Um louco divagou para muito longe, você nunca divagou para tão longe – apenas na vizinhança – e você sempre volta e novamente toca a realidade e vai novamente.
Para o líder espiritual, você apenas toca a realidade, mas essa raiz é muito frágil e a qualquer momento ela pode ser quebrada – a mulher morre, o marido a abandona, você vai a falência – e aquela raiz frágil se quebra. Então você passa a divagar e divagar; então não há volta, então você nunca toca a realidade realmente. “Esse é o estado do louco, e o homem normal é diferente apenas em grau”, expõe.
“E qual é o estado de um Buda, de um iluminado, de um homem desperto, de entendimento, de consciência?”, interpela novamente Osho. Que responde: Ele está profundamente enraizado na realidade, ele nunca se afasta dela ao divagar – exatamente o oposto de um louco.
Então perceba, ensina o mestre indiano, “você está no meio”. A partir desse meio, ou você pode mover-se na direção de ser um louco – movendo-se continuamente para o passado ou futuro -, ou você pode mover-se na direção de ser um Buda – permanecendo presente, no momento presente. Depende de você.
Para viver o presente, Osho sugere que você toque as coisas, sinta o toque, seja o toque, fique no aqui e agora. Você está comendo? Saboreie bem a comida, o sabor. Cheire-a bem, mastigue-a bem – você está mastigando a realidade! Não fique perdido em pensamentos. Você está tomando banho? Divirta-se! A água está caindo em você? Sinta-a! Torne-se mais e mais um centro de sentimentos em vez de um centro de pensamentos.
Como sabemos, o caminho está bem diante dos nossos olhos, mas o sentimento não é muito permitido. Boa parte da sociedade vê você como um ser que pensa e não como um ser que sente, porque o sentimento é imprevisível, ninguém sabe aonde ele vai levar, e a sociedade não pode deixar você por conta própria. Ela lhe dá todos os pensamentos: todas as escolas, colégios e universidades existem como centros para treiná-lo para o pensamento, a verbalizar mais.
E quanto mais palavras você tem, mais talentoso você é considerado; quanto mais articulado você é com as palavras, mais educado você é considerado, na verdade, moldado. “E não vou lhe enganar”, pondera Osho. Será difícil voltar a vivenciar o presente, porque 30, 40, 50, 60 anos de treinamento não se desfazem em um dia. Mas ele ainda dá uma dica antes de finalizar: “Quanto mais cedo você iniciar, melhor”.
* Jornalista, agricultor, psicólogo, jardineiro, escritor e peregrino – www.oikos.org.br
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Excelente artigo. Obrigado compartilha-lo.