Talvez o maior questionamento que o ser humano tem e que ainda permanece um grande mistério de toda a sua existência seja “quem sou eu?”. Todos os mais de 7 bilhões de pessoas que vivem atualmente neste planeta e os bilhões que aqui também viveram e já passaram, provavelmente, em algum momento da existência, também fizeram pra si esta simples e profunda pergunta: “que sou eu?”. Interessante que para muitos, não só esta pergunta é contumaz, como outras duas que a acompanham, que são, “de onde vim?, e “para onde vou? “.
Quem chega a este questionamento, alcança uma complexa pergunta que envolve questões existenciais. E isto é muito bom porque simplesmente não vai levando os dias como se fosse autômato. O questiona. E, como nos foi ensinado, a verdade liberta, mas ela só surge a partir de uma pergunta, de um questionamento. E verdades existenciais surgem a partir de questões existenciais.
Todos sabemos que a saga de muitos jovens que descobrem que são filhos adotivos passa a ser a busca de seus pais. Quase que invariavelmente, todos querem saber “de onde viemos”. Porque todos fomos gerados, mas quem nos gerou? Quem nos criou, nossos pais do coração são conhecidos, mas quem me gerou? Como são as cores dos olhos, do cabelo, da pele… Se filhos que não conhecem e nem sabem quem são seus progenitores vivem com um vazio em sua existência, que dirá, então, esta pergunta: quem sou eu? Às vezes vamos além: de onde viemos, pra onde vamos, o que estamos fazendo aqui?
Muito se escreveu e se disse durante toda a história da humanidade sobre esta questão. Há as versões filosóficas, as atéias, agnósticas e também as religiosas. Há muitas explicações, muitas divagações, muitas especulações. Enfim, há respostas para todos os gostos, mas confesso ao atento leitor que a versão que mais me chama a atenção é aquela que não fecha, não dá uma posição final. Não me atenho às filosofias, às seitas, às religiões que afirmam que eu sou isso, que as coisas são assim e que, se não seguir ou não acreditar, será penalizado.
Há 460 anos antes de Cristo, um dos maiores revolucionários da filosofia e bastante atual, Sócrates, aconselhou: “Conheça-te a ti mesmo”. Uma frase simples, concisa, objetiva e direta, e que vai ao encontro da questão central deste artigo. Ao conhecer-me, ao saber dos meus limites, do porque ajo de tal maneira em detrimento de outra, de conhecer minhas qualidades e das questões a serem trabalhadas. Ao começar por mim a jornada do autoconhecimento estarei descortinando, aos poucos, este enigma que nos leva a um fim: o vazio fértil. “Da terra viestes, para terra voltarás”, disse Jesus. Portanto, eu sou terra. Mais do que isso: sou ar, sou água, sou fogo. E também sou espírito. Depois de buscar me observar com sabedoria, paciência e silêncio estamos preparados para ir ao encontro do outro e das relações, que é o terreno fértil do verdadeiro crescimento já que o outro é o nosso espelho. E também nos amalgamarmos com a natureza, que não está fora, pelo contrário, está bem aqui dentro de cada um de nós.
Já Aristóteles, outro filósofo, escreveu que nós não somos aquilo que falamos ou que pensamos. Disse ele: “Nós somos aquilo que falamos, que pensamos, mas principalmente, somos aquilo que fazemos repetidas vezes”. No pensar de Gurdjef, o ser humano pouco se observa. Por isso, nós pensamos que somos aquilo que nós pensamos ou falamos. Passamos a pensar que nosso discuros somos nós, viramos palavras. Palavras ao vento. Por isso, quem se conhece não pensa que é aquilo que fala, mas fala aquilo que é.
Eu sou nuvem passageira. Eu sou, a luz das estrelas. Eu sou apenas um rapaz latino-americano. Eu sou, eu sou, eu sou, eu sou, eu sou… Eu sou um mistério. E talvez só aqui seja verdadeiramente quem sou eu, no desconhecido, na dúvida, na insegurança… No mistério.
* Escritor
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