* Beto Colombo
Querido leitor, que você esteja bem. Existem muitas formas de se aprender, lendo, assistindo filme, conversando, participando de palestras, seminários e debates. Enfim, há muitas fontes para quem tem sede de ser.
Em uma dessas viagens, deparei-me com uma frase escrita na parede de um albergue, em Barcelona, na Espanha. Dizia ela: “A melhor universidade é viajar”. E era justamente o que estava fazendo naquele momento e bem acompanhado. Estava com os amigos Rosemiro Sofstrom, Americo Faria, Edson Ribeiro e Jean Peterson Resende.
E não precisa se esforçar muito para justificar esta frase. É só pegar um barco e ir a Parati, no Rio de Janeiro. Lá mora Amyr Klink, o autor dessas frases: “Um homem precisa viajar por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos e simplesmente ir ver”.
Esta viagem é longa, às vezes alegre, às vezes triste, mas vale a pena. E, na visão do escritor português José Saramago, a viagem não acaba nunca. Para ele, “só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa. O fim de uma viagem é apenas o começo de outra”, pondera o escritor português, que aponta algumas necessidades: “É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na primavera o que se vira no verão, ver de dia o que se viu de noite, com o sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre.”
A melhor universidade é viajar. E para viajar, lembra Fernando Pessoa, “para viajar basta existir”. Lembrando que isso é assim para mim hoje.
* Empresário, Especialista em Filosofia Clínica, Diretor Presidente da Anjo – www.betocolombo.com.br
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