Sua Santidade o Dalai Lama – que quer dizer, pessoa sábia; não pessoa inteligente ou pessoa que tem conhecimento – pergunta em um dos seus livros: “O que as mais de sete bilhões de pessoas do nosso planeta têm em comum?” Indo um pouco mais além, fico imaginando ele questionando o que tem em comum palestinos e israelenses, coreanos do norte e do sul, estadunidenses e mexicanos? O que nós latinos temos em comum com nossos irmãos africanos?
Sua resposta foi simples e ao mesmo tempo profunda, como qualquer coisa simples que fazemos, descobrimos ou vivemos. Não é fácil ser simples. O que todos temos em comum, no dizer do Dalai Lama, é que todos, absolutamente todos, queremos ser feliz! Simples: nosso objetivo principal é a felicidade. Ou não?
Muitos procuram a felicidade no dinheiro. Outros num copo de bebida alcoólica e outros tipos de drogas. Já alguns em status, trabalho, moda. Enfim, poderíamos aqui desfiar uma série de desculpas densas externas para preencher uma essência interna e sutil. E você que me lê agora sabe tanto eu que a felicidade não está fora. Ela está dentro de cada um de nós. Ninguém nem nada aqui fora vai nos dar o que já temos dentro.
Pois bem, todos temos em comum a busca da felicidade. Um questionamento: será que a infelicidade não é um engano? Será que já não somos todos felizes?
Pesquisas francesas apontam que o sentimento/estado de felicidade é proporcional ao acesso das pessoas a bens e serviços que oportunizam uma vida justa. Mas se estes bens e serviços ficarem aquém, a felicidade será baixa; se os bens ficarem muito além, os resultados serão os mesmos daqueles que têm pouco acesso, ou seja, infelicidade.
Talvez tudo isso comprove que “ter” em demasia não nos faz ir no âmago da nossa essência, na verdade nos desvirtua dos nossos projetos desta existência. Afinal de contas, nós vivemos com pouco, muito pouco; mas precisamos de algo justo, não dá para viver sem o mínimo.
Parece que quanto mais pesada a mochila, mais difícil de caminhar, às vezes impossível devido ao peso. Ainda mais se ali dentro carregamos coisas de muito valor.
Já não sabemos mais o que verdadeiramente sentimos como ser inteiro, pois estamos muito ligados somente às nossas mentes e aos nossos corpos. O lado sombrio dos pensamentos e das sensações ditam nosso cotidiano fazendo-nos buscar mais e mais alimento para o ser egóico e para sensações corporais que nada mais são do que sensações de felicidade. Sensação não é a essência do que é, talvez seja uma enganação.
Pra mim, por ora, a infelicidade é um engano. Somos todos felizes, apesar de tanta coisa errada que ocorrem pessoal, social e planetariamente. Arrepiado, sinto medularmente que só estar neste plano e poder seguir a jornada diária com todas as surpresas, já me deixa pleno, leve, arrepiado. Felicidade é poder aventurar-se a cada manhã.
Talvez o que confundimos um pouco é este estado de plenitude com a alegria. O estado de felicidade é um sentimento que jamais se abate e que, é claro, se evidencia na alegria. Isto não quer dizer que se algo ruim me acontecer, seja o que for, eu vou ficar infeliz. Com certeza eu posso e fico muitas vezes triste, mas ninguém e nada vão me tirar uma das duas certezas que tenho: uma é que um dia vou passar para outra existência. E a outra é que, mesmo sabendo disso, sinto-me realizado, inteiro, terno, sinto-me feliz.
* Psicólogo e escritor
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